terça-feira, 31 de julho de 2012

I Fórum Municipal de Cultura de Juripiranga Culmina com a formação do Conselho Municipal.






É evidente em nosso município que nesta administração, em um curto período de oito anos, tivemos um enorme desenvolvimento sócio-econômico, até mesmo acompanhando a boa fase de nosso país, nossa cidade cresceu junto. Crescemos em muitos aspectos; populacional; financeiro; nossa auto-estima, apesar de ainda estar longe do ideal, melhorou nos últimos anos; nossa imagem perante outros municípios que antes era de desprezo e motivos de piadas, tem mudado gradativamente. Tudo isso em virtude de um trabalho sério, realizado de forma a visar a melhoria de vida a todos os juripiranguenses. 

Porém é comprovado perante toda sociedade que o crescimento também traz seus malefícios. Grandes sociólogos como Karl Max e Max Webber já previam desde o século XVIII e XIX que as desigualdades sociais seriam o futuro da humanidade e que diante dela e de tanto crescimento surgiriam problemas tais como violências e desordem, que chegaríamos ao ponto de por a venda tantas coisas, e chegamos, hoje negociamos até o corpo humano, é só abrir qualquer revista adulta que está na “vitrine” corpos esculturais que foram colocados a venda. Eles ainda não chegaram a prever o uso de drogas demasiadamente quanto nos dias de hoje, não previram que pais matariam filhos, que filhos matariam pais e que estaríamos ilhados em meio a um sistema controlado por bandidos que agem com suas próprias leis.

Você se acha a margem destas situações? Todo crescimento deve ser ditado de forma equilibrada para que possamos o máximo possível nos esquivar de tamanhas atrocidades encontradas no meio social. Esse equilíbrio é dado por meio de preparação para encarar um novo mundo, baseado no conhecimento, em um novo modo de se comportar diante novas situações. E quem é que duvida que o melhor caminho para chegarmos a esse nível de equilíbrio passa pela educação e pela cultura da população? Você acha comum o crescimento da violência na nossa cidade? É comum o número crescente de jovens em contato com as drogas? É comum o número de meninas que mal saíram de sua infância se prostituindo de forma descarada? É confortável perdermos o status de cidade pacata que sempre tivemos? É de nosso costume andar com medo pelas ruas de Juripiranga?

Pois é amigos, acreditem (ou não), isso se deve muito a nossa grande despreocupação com os investimentos na cultura de nosso povo. Há ainda quem imagine que cultura é um caso de ultima necessidade. De fato investimentos em cultura apresentam resultados satisfatório em médio, longo prazo, não é fácil cultivar algumas idéias, isso não é nada interessante para quem precisa comprovar trabalho imediato para depois trocá-los por algumas centenas de votos.

Como citei no início, crescemos, mas crescemos de forma desequilibrada, não oferecemos opções sadias de lazer aos nosso jovens, pelo contrário, nosso centro recreativo nos fins de semana é uma ótima casa para quem deseja usar, comprar e vender drogas ilícitas, ou não. Costumo dizer que estamos com oito anos de atraso nas nossas políticas públicas culturais, pois tudo cresceu, se desenvolveu, mas elas não!

Investir em cultura é muito mais proveitoso para o município do que muita gente imagina. Além de alimentar nosso povo com “pratos sadios” de conhecimentos, é possível através dela, gerar sustentabilidade, ramificações turísticas, explorar o potencial de nossos jovens cada dia mais e mais e elevarmos mais ainda nossa auto-estima, o nome de nossa cidade e consequentemente de nossos governantes. 

Investir em cultura é ter um povo mais inteligente! O sociólogo francês Pierre Bourdieu afirmava que ao termos contatos com determinados segmentos culturais criamos algo chamado Capital Cultural e a educação em si, as escolas de forma geral cobram por esses conhecimentos. Daí a explicação para que os filhos de famílias níveis culturais elevados serem considerados na escola mais inteligente sobre as outras crianças.

Quando eu falo em trabalho com cultura não me refiro apenas a uma ou duas festas de rua anuais que temos. Não se trata de proporcionar um palco B para artistas locais e/ou para aumentar a quantidade de atrações em uma festa. Me refiro a gerar oportunidades de mostrarmos o quanto somos capazes e em todos os segmentos trabalhar junto com os que estão no dia a dia, fazendo, pondo em prática, levando tombos para aprenderem que vão sofrer no rumo que escolheram. É pensarmos em proporcionar para aqueles que todos os dias de suas vidas estão se empenhando em buscar uma nova forma de nos entreter, é pensar naqueles que muitas vezes deixaram seus sonhos morrerem por não ter condição alguma de alimentá-los. Vamos guiar nossos olhares neste momento para as novas possibilidades de recomeçarmos um trabalho de forma digna, honesta e que possamos num futuro não muito distante, pensarmos que é possível ser artista em Juripiranga, sem que seja necessário um filho da terra ter que mudar-se para a capital ou qualquer outro centro urbano para poder exercer seus dons com dignidade. Vamos nos mobilizar e mobilizar nosso povo para a partir de agora, pensarmos em uma política pública cultural de forma DEMOCRÁTICA, onde cada um possa expressar sua opinião, que as críticas construtivas sejam aceitas como um tijolinho que vai construindo um paredão que nos faz crescer a cada dia. 

A criação e manutenção da autoridade (leia-se: Autonomia) deste Conselho é sem dúvida um grande passo que damos hoje em nosso município para um novo horizonte, mas é necessário que além de criado ele seja ATIVO, é preciso que ele tenha voz e vez assim como dita sua lei de criação, sem esses objetivos, de nada adianta estarmos tido presentes no fórum, de nada adianta proferir tais palavras, de nada valerá nosso empenho em nos fortalecer.

Para encerrar gostaria de agradecer a Secretaria de Educação e Cultura pela preocupação em realizar este fórum, com a finalidade de que possamos atender alguns requisitos MINIMOS que são necessários para sermos contemplados com alguns recursos em nossa cidade. Agradecer a Maria de Fátima (Fafá) pelo grandíssimo esforço, a Secretária Petronila pela paciência conosco e todos os presentes hoje no Centro Recreativo de Juripiranga.

A solução para muitos problemas que enfrentamos hoje em dia pode estar nas nossas mãos, é muito viável e só basta um pouco de boa vontade e determinação de todos nós.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Documentário sobre aboio é lançado nesta sexta-feira em São José dos Ramos



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Gravação do documenário

Resultado de uma capacitação realizada através do projeto de audiovisual Janela do Mundo, com a participação de 20 jovens, o documentário “O Som do Aboio” será lançado nesta sexta-feira, 23 de março, em São José dos Ramos, conhecida como a cidade do aboio e do vaqueiro. O lançamento oficial acontece às 16h, na Casa da Cultura Zé Preto.

Às 20h, os moradores e visitantes poderão conferir a exibição do curta-metragem durante a festa do padroeiro, São José, através de um telão instalado na Praça Noel Rodrigues. “O Som do Aboio” será exibido também nas escolas do município e nas comunidades da zona rural.

Os jovens moradores do município participaram do curso de audiovisual, que foi realizado durante seis meses e que tem como conclusão a realização do documentário. As gravações do curta-metragem sobre vaqueiros e aboiadores foram realizadas em janeiro, na Fazenda Pirapanema, em São José dos Ramos, que fica na Zona da Mata paraibana.

Além de produzir o documentário “O Som do Aboio”, com direção de Adriano Roberto, o projeto Janela do Mundo desenvolveu ações que capacitaram jovens e moradores, na Casa da Cultura Zé Preto, em São José dos Ramos, e no Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, em Itabaiana (PB).

Os objetivos são manter viva a memória para o resgate da autoestima da comunidade e estimular uma visão crítica da linguagem do audiovisual dos participantes. O projeto Janela do Mundo tem o patrocínio do Programa BNB de Cultura, em parceria com o BNDES, e apoio da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Núcleo de Produção Digital (NPD-PB) e Prefeitura Municipal de São José dos Ramos.

Segundo Dudé Rodrigues, responsável pela produção executiva, o documentário eternizou a cultura do aboio em São José dos Ramos. “Essa cultura é disseminada e reproduzida de geração em geração na contramão do mundo contemporâneo. Jovens e ainda crianças se tornam conhecidos pela prática de toadas de vaqueiros, seguindo o legado do mais famoso aboiador, Zé Preto, que não foi o último de um tempo e de um povo, e que compõe a equipe ao lado de Marcelo Quixaba, orientador de direção, fotografia e montagem, e Edglês Gonçalves da Silva, coordenador no município”, explicou.

O diretor e aluno participante Adriano Roberto disse estar realizado com esse documentário. “Estou muito confiante com relação à repercussão  desse filme nos festivais de cinemas. Enche-me de alegria saber que demos asas à nossa imaginação a partir do momento em que abraçamos essa oportunidade do projeto Janela do Mundo. Esse filme é a concretização de nosso objetivo enquanto projeto, deixando pra nós uma aprendizagem significativa. Falar do vaqueiro é o mesmo que abrir uma caixa de tesouros, sua vasta cultura e sabedoria enriquecem o filme de maneira orgulhosa por se tratar de uma profissão pouco valorizada, mas que representa com autoridade a cultura nordestina”.

Para Elielson Freitas, também aluno participante da capacitação e produtor de set, a experiência que teve no projeto foi uma ótima oportunidade para expressar os conhecimentos no dia a dia. “No decorrer do curso mudei o meu jeito de agir, falar e olhar, ou seja, mudei totalmente o meu conhecimento relacionado à cultura”, disse.

Marcelo Quixaba, orientação de direção, fotografia e montagem, disse acreditar muito na força das pequenas cidades. “Os alunos do Janela do Mundo em São José dos Ramos se dedicaram e puderam aplicar a teoria em um curta-metragem. O resultado foi o documentário 'O Som do Aboio'.  Fico muito feliz por todos. Sempre acreditei nesse modelo de projeto, onde a prática é a realização da teoria. Com isso, conseguimos contagiá-los e agora o cinema faz parte de suas vidas”, observou.

Aboio – Durante a primeira metade do século XX, Itabaiana, no agreste paraibano, foi um dos maiores entrepostos de comércio de gado no Nordeste. A cultura em torno da criação bovina marcou a zona rural do município, inclusive o distrito de São José que na época pertencia ao município de Pilar, que somente no final do século foi elevado à condição de cidade. São José dos Ramos tornou-se conhecida como a terra dos aboios, por ser comum os vaqueiros do lugar tangerem a boiada para os pastos ou para o comércio em Pernambuco ao som da melancólica poesia de canto original.

Equipe:
DIREÇÃO/ROTEIRO: Adriano Roberto 
ARGUMENTO: Criação coletiva
PRODUÇÃO: Edglês Gonçalves, Vinícius Santos e Wilma Rejane
PRODUÇÃO DE SET: Elielson Freitas e Wilma Rejane 
FOTOGRAFIA e OP. CÂMERA: Leila Nascimento
ASSISTNETE DE CÂMERA: João Batista Cavalcante
SOM: Janiele Felix e Sulivan Alves
ASSISTENTE DE SOM: Vinícius Santos
MONTAGEM: Adriano Roberto e Sulivan Alves 
FINALIZAÇÃO: João Paulo Palitot
MAKING OF: João Paulo Lima e Edglês Gonçalves
ESTAGIÁRIOS: João Paulo Lima e Carine Fiúza 
PRODUÇÃO EXECUTIVA: Dudé Rodrigues  
ORIENTAÇÃO DE DIREÇÃO, FOTOGRAFIA E MONTAGEM: Marcelo Quixaba
ORIENTAÇÃO DE ROTEIRO: Torquato Joe