É evidente em nosso
município que nesta administração, em um curto período de oito anos, tivemos um
enorme desenvolvimento sócio-econômico, até mesmo acompanhando a boa fase de
nosso país, nossa cidade cresceu junto. Crescemos em muitos aspectos;
populacional; financeiro; nossa auto-estima, apesar de ainda estar longe do
ideal, melhorou nos últimos anos; nossa imagem perante outros municípios que
antes era de desprezo e motivos de piadas, tem mudado gradativamente. Tudo isso
em virtude de um trabalho sério, realizado de forma a visar a melhoria de vida
a todos os juripiranguenses.
Porém é comprovado
perante toda sociedade que o crescimento também traz seus malefícios. Grandes
sociólogos como Karl Max e Max Webber já previam desde o século XVIII e XIX que
as desigualdades sociais seriam o futuro da humanidade e que diante dela e de
tanto crescimento surgiriam problemas tais como violências e desordem, que
chegaríamos ao ponto de por a venda tantas coisas, e chegamos, hoje negociamos
até o corpo humano, é só abrir qualquer revista adulta que está na “vitrine”
corpos esculturais que foram colocados a venda. Eles ainda não chegaram a prever
o uso de drogas demasiadamente quanto nos dias de hoje, não previram que pais
matariam filhos, que filhos matariam pais e que estaríamos ilhados em meio a um
sistema controlado por bandidos que agem com suas próprias leis.
Você se acha a margem
destas situações? Todo crescimento deve ser ditado de forma equilibrada para
que possamos o máximo possível nos esquivar de tamanhas atrocidades encontradas
no meio social. Esse equilíbrio é dado por meio de preparação para encarar um
novo mundo, baseado no conhecimento, em um novo modo de se comportar diante
novas situações. E quem é que duvida que o melhor caminho para chegarmos a esse
nível de equilíbrio passa pela educação e pela cultura da população? Você acha
comum o crescimento da violência na nossa cidade? É comum o número crescente de
jovens em contato com as drogas? É comum o número de meninas que mal saíram de
sua infância se prostituindo de forma descarada? É confortável perdermos o
status de cidade pacata que sempre tivemos? É de nosso costume andar com medo
pelas ruas de Juripiranga?
Pois é amigos,
acreditem (ou não), isso se deve muito a nossa grande despreocupação com os
investimentos na cultura de nosso povo. Há ainda quem imagine que cultura é um
caso de ultima necessidade. De fato investimentos em cultura apresentam
resultados satisfatório em médio, longo prazo, não é fácil cultivar algumas
idéias, isso não é nada interessante para quem precisa comprovar trabalho
imediato para depois trocá-los por algumas centenas de votos.
Como citei no início,
crescemos, mas crescemos de forma desequilibrada, não oferecemos opções sadias
de lazer aos nosso jovens, pelo contrário, nosso centro recreativo nos fins de
semana é uma ótima casa para quem deseja usar, comprar e vender drogas
ilícitas, ou não. Costumo dizer que estamos com oito anos de atraso nas nossas
políticas públicas culturais, pois tudo cresceu, se desenvolveu, mas elas não!
Investir em cultura é
muito mais proveitoso para o município do que muita gente imagina. Além de
alimentar nosso povo com “pratos sadios” de conhecimentos, é possível através
dela, gerar sustentabilidade, ramificações turísticas, explorar o potencial de
nossos jovens cada dia mais e mais e elevarmos mais ainda nossa auto-estima, o
nome de nossa cidade e consequentemente de nossos governantes.
Investir em cultura é
ter um povo mais inteligente! O sociólogo francês Pierre Bourdieu afirmava que
ao termos contatos com determinados segmentos culturais criamos algo chamado
Capital Cultural e a educação em si, as escolas de forma geral cobram por esses
conhecimentos. Daí a explicação para que os filhos de famílias níveis culturais
elevados serem considerados na escola mais inteligente sobre as outras
crianças.
Quando eu falo em
trabalho com cultura não me refiro apenas a uma ou duas festas de rua anuais
que temos. Não se trata de proporcionar um palco B para artistas locais e/ou
para aumentar a quantidade de atrações em uma festa. Me refiro a gerar
oportunidades de mostrarmos o quanto somos capazes e em todos os segmentos trabalhar
junto com os que estão no dia a dia, fazendo, pondo em prática, levando tombos
para aprenderem que vão sofrer no rumo que escolheram. É pensarmos em
proporcionar para aqueles que todos os dias de suas vidas estão se empenhando
em buscar uma nova forma de nos entreter, é pensar naqueles que muitas vezes
deixaram seus sonhos morrerem por não ter condição alguma de alimentá-los.
Vamos guiar nossos olhares neste momento para as novas possibilidades de
recomeçarmos um trabalho de forma digna, honesta e que possamos num futuro não
muito distante, pensarmos que é possível ser artista em Juripiranga, sem que
seja necessário um filho da terra ter que mudar-se para a capital ou qualquer
outro centro urbano para poder exercer seus dons com dignidade. Vamos nos
mobilizar e mobilizar nosso povo para a partir de agora, pensarmos em uma
política pública cultural de forma DEMOCRÁTICA, onde cada um possa expressar
sua opinião, que as críticas construtivas sejam aceitas como um tijolinho que
vai construindo um paredão que nos faz crescer a cada dia.
A criação e
manutenção da autoridade (leia-se: Autonomia) deste Conselho é sem dúvida um grande passo que damos
hoje em nosso município para um novo horizonte, mas é necessário que além de
criado ele seja ATIVO, é preciso que ele tenha voz e vez assim como dita sua
lei de criação, sem esses objetivos, de nada adianta estarmos tido presentes no fórum,
de nada adianta proferir tais palavras, de nada valerá nosso empenho em nos
fortalecer.
Para encerrar
gostaria de agradecer a Secretaria de Educação e Cultura pela
preocupação em realizar este fórum, com a finalidade de que possamos atender
alguns requisitos MINIMOS que são necessários para sermos contemplados com
alguns recursos em nossa cidade. Agradecer a Maria de Fátima (Fafá) pelo grandíssimo esforço, a Secretária Petronila pela paciência conosco e todos os presentes hoje no Centro Recreativo de Juripiranga.
A solução para muitos
problemas que enfrentamos hoje em dia pode estar nas nossas mãos, é muito
viável e só basta um pouco de boa vontade e determinação de todos nós.